Moça, a senhora pisca-pisca?

Mês de dezembro, calor, férias, véspera de natal, o Saara abarrotado de gente, com pressa, suada, com nem tanto dinheiro assim, que vai às compras de presentes mais baratos ou mercadoria pra revender.

Lojas cheias, vendedores zonzos com tanto pedido, tanta devolução, tanta escolha. Gente que negocia, pede desconto, este aqui vai, aquele não, que quer trocar produto.

— Mais alguma coisa, senhora?

Vendedor que sobe e desce escada, faz conta, embrulha.

— Próximo.

Dá pra confundir qualquer um, principalmente a parenta que tem um bazar e que nesta época fica ainda mais atarantada (ainda mais).

Chega pra uma coreana e pergunta:

— Moça, a senhora pisca-pisca?



Outra da parenta:



A família se reúne no dia de Natal para almoçarmos juntos em casa da irmã mais nova por uma série de conveniências: espaço, proximidade para a maioria de nós e todo mundo vai pras suas igrejas à noite.

A irmã do meio mora mais longe de nós e sempre que possível alguém vai até lá busca-la de carro. Uma gentileza que às vezes a constrange e ela tenta a todo o custo evitar.

Dia de Natal, todo mundo num entra e sai na casa da tia mais nova, a churrasqueira já preparada, mesa posta, últimos retoques na decoração da mesa.

— Quem vai buscar a tia? Liga pra ela pra saber se já pode ir.

— E aí, tia, vocês já estão prontos? A gente já pode sair daqui?

— Não, não vem, não, eu já estou no ponto do ônibus, a gente vai se desencontrar. Não vem, não.

— Como assim, tia? Como você está no ponto do ônibus se eu estou falando no seu telefone fixo?

— Hahahahahaha, ela se escangalha de tanto rir.


Nós a amamos por um monte de motivos e também por este, o de nos proporcionar histórias de família.

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