O drama de um dos personagens mais marcantes dentre todos que já li, Jean-Baptiste Grenouille, à procura de seu próprio cheiro. Assim eu poderia resumir a história criada por Patrick Susskind. Grenouille percebe ser dotado de um dom ambíguo: ele cheira, distingue e até mesmo compõe os mais diversos perfumes, enquanto que, ele mesmo, não tem nenhum cheiro, e por isto ninguém o percebe, ninguém o nota. Decide então querer o mais puro aroma que julga existir porque pensa que só deste modo será amado. Para realizar este intento, praticará o que considerar necessário.
Um dom maravilhoso lhe foi dado, lhe é involuntário. Mas o que Grenouille faz com o dom é sua escolha.
Enquanto leio, fico dividida entre o horror e a piedade.
Grenouille é um ser humano que passa desapercebido, que não exala nenhum perfume (o quanto isto é emblemático), a quem nada atinge etica, moral ou espiritualmente, que não se detém enquanto não atinge seus objetivos, o que é de um simbolismo dos mais atuais.
Sem pregar nenhuma espécie de moral, o autor deste personagem nos atinge na cara com a visão das mais pessimistas da sociedade contemporânea.
Livro belamente escrito por Patrick Susskind, criador de um personagem composto de modo a que o leitor tenha a sensação de que Jean-Baptiste Grenouille poderia viver aqui ao lado. Ai, que medo!
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