Andando em círculos
Sou uma estrada procurando só levar o povo pra cidade só
Se meu destino é ter um rumo só,
choro em meu pranto é pau, é pedra, é pó. (Sidney Miller)
Ah se eu fosse insustentavelmente leve.
Mas não. Estou sempre matutando. Vendo mensagens nas entrelinhas, nas imagens, nas muitas metáforas. Duvidando daquilo que apenas é.
Se leio em algum lugar: es-tra-das, penso em estradas gastas, em estradas nunca caminhadas, em caminhos a desbravar, descobrir.
Em caminhantes, andarilhos, romeiros, procissões.
Em encruzilhadas.
Imagino o que desejará o caminhante? sim, porque quem caminha vai a algum lugar, em busca de algo.
Vislumbro caminhos sem volta ou ainda sendo construídos, passo a passo.
Decolo numa visão aérea da paisagem que circunda a estrada. Vejo um rio, uma aldeia, montanhas, pedras, uma ponte. Sempre as pontes.
Planejo a bagagem a ser levada. A mala. Abarrotada de quê, meu Deus? de livros? ou fotos antigas dos entes queridos que serão emolduradas mais tarde? de prospectos de alguma agência turística? mapas? foices e facões?
Quando finalmente repouso, encaro a nunca simples realidade.
O caminho envelheceu, a estrada já está esburacada, a foto amarelou, o facão enferrujado. O caminhante coberto de poeira, carrega com esforço a mala já meio aberta por onde saem pedaços de panos, restos de planos.
E no horizonte relâmpagos cruzam o céu ameaçando desabar um temporal.
Tudo começou quando li em algum lugar a palavra: es-tra-das.
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