Pessoas me interessam, me impressionam e me surpreendo sempre com seus estratagemas.
Por exemplo, os que usamos para alcançar nossos preciosos 15 minutos de fama. Alguns os dividem em suaves (nem sempre, pelo menos pros meus ouvidos) prestações, cada uma um toque do celular. E o charme é demorar o máximo possível pra atender, saboreando os olhares furtivos de quem procura o dono daquele toque.
Foi assim que me chamou a atenção o último dos que ouvi, nada menos que a musiquinha de entrada do Jornal Nacional, até a parte em que Fátima Bernardes entra com sua marca inconfundível: "Boa Noite." Seco, justo, profissional. Só depois disso o dono do aparelhinho atende: "Alô?", a expressão blasé de "oh! meu celular tava tocando! nem tinha percebido...".
Outro que me faz rir com a criatividade do dono: o toque atribuído ao chefe é, nada mais nada menos que o tema da novela Escrava Isaura: "lê rê lê rê lê rê rê rê rê rê" (subentendido: vida de nêgo é difíci é difíci como quê). Tudo a ver.
O que Andy Warhol não previu foi que, cada um de nós se não se expressa por meio das ortodoxas artes plásticas, busca na tecnologia cada vez mais ao alcance, o meio de expressão possível e o que é melhor, gratuita e participativa. E melhor (ou não) ainda, por mais que míseros "fifteen minutes".
E somos todos criativos, talentosos, artistas. Enfim.
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Cássia disse:
"Você é muito observadora, Nilva. Gostei do seu texto. É assim que as pessoas se dão ares de importância, fazem seu suspense, constroem seu charme. :) Percebi algo semelhante também em relação ao uso de óculos escuros, com os quais se cria um ar de poder e mistério. Até escrevi a respeito num texto chamado Óculos nos Óculos. Um abraço."
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Irinéa Maria disse:
"Gostei da sua forma de escrever, leve, decidida, sem firulas!
Gostei de estar num domingo de carnaval lendo textos inteligentes e saboreando um doce de abóbora com receita da minha vó Yayá!
Luz!"
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