Ouvir e entender estrelas


"Em janeiro de 2002, uma sombria estrela em uma obscura constelação, de repente tornou-se 600.000 vezes mais luminosa que o nosso Sol, temporariamente transformando-a na mais brilhante estrela da nossa Via Láctea.
O eco de luz circular expandiu agora para duas vezes o tamanho angular de Júpiter no céu. Os astrônomos esperam que ela continue a expandir até que a luz refletida do interior profundo da nuvem de poeira finalmente chegue à Terra."
(extraído de www.sentandoapua.com.br/astronomia/h42.htm)

As estrelas com que Olavo Bilac dialogava já estavam mortas, mas quem é poeta lá quer saber disso?
O universo continua sendo construído interminavelmente e nós pobres humanos junto com ele, nessa cadeia turbilhonante, porque somos mesmo mutantes, produto das interações entre o meio modificado incessantemente por nós mesmos ou pela própria natureza do universo, com suas reações bioquímicas.
Desde o feito de Armstrong ao pisar o solo lunar (e houve quem duvidasse), verdades estabelecidas têm sido atualizadas, substituídas; afinal se Plutão perdeu seu posto de planeta (ai dos escorpianos), se outras estrelas são descobertas, se telescópios e sondas espaciais são cada vez mais poderosos, é quase certo que brevemente parte do que sabemos hoje sobre nossa 'casa' e seus vizinhos, será obsoleto.
Se houver tempo, quantas maravilhas veremos ainda!
Paralelamente, continuamos a olhar esse teto azul pontilhado de luzes tremeluzentes à noite e dizendo como Bilac:

"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
perdeste o senso! "E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-Ias, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto ...

E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."